Depois de uns 10 anos acompanhando a Nadja por blogs e redes sociais, nos conhecemos ano passado aqui em Londres - esses encontros que levam o virtual pro real são sempre muito legais! Pra quem não a conhece, a Nadja morou em Buenos Aires por muitos, muitos anos, e recentemente voltou pro Brasil. Perguntei se ela toparia escrever um post pra gente sobre Buenos Aires, e pedi pra ela sugerir um tópico – e aqui está! O que vale a pena comprar por lá? Ela também aproveitou pra contar o que não recomenda. Vale a leitura gente, afinal é um década de experiência portenha!
Nadja, muito obrigada mais uma vez, espero que seja a primeira de muitas participações aqui no Aprendiz. Buenos Aires é um dos destinos mais procurados pelos leitores e conteúdo bom assim é sempre bem vindo viu?
***
Buenos Aires já não está aquela maravilha pra brasileirada se acabar de tanto fazer compras. Os preços em geral estão pela hora da morte, como diziam nossas avós, então as coisas não estão mais baratas que no Brasil, ou não tanto a ponto de valer a pena. Mas, para muitos, viagem não é viagem sem pelo menos uma comprinha, não é? Então vou dizer a vocês o que eu acho que vale a pena comprar lá e o que não, não só pelo preço mas também por outras coisas como qualidade, originalidade, etc. Vou pular as obviedades como vinhos, artigos de couro e alfajores.Também vou ser bem pessoal, é tudo segundo o meu gosto e minhas vivências em Buenos.
Então vamos lá, o que eu acho que vale:
Fofurinhas de decoração – Tem muita loja em Buenos Aires de enfeitinhos e coisas lindas para a casa em geral, principalmente em Palermo e San Telmo. Um clássico é a Morph, cuja loja principal fica no Buenos Aires Design mas há outras em vários shoppings. Uma que eu adoro é a Tienda Palacio, que tem uma lojona linda na calle Honduras, em Palermo, e uma menorzinha em San Telmo. A Capital, também em Palermo, é uma belezinha também. Pra quem gosta de produtos para cozinha, a Reina Batata é uma ótima pedida.
Bijouterias – AMO. Acho mais legais que as brasileiras, mais variadas, menos douradonas e cheias de strass que as daqui, mais estilosas. Vale a pena desde uma TodoModa, que é baratex e tem em tudo que é esquina porteña, até uma Condimentos (não tem site, o endereço é Honduras 4874), que fica em Palermo e tem coisas mais artesanais e/ou diferenciadas. Não poderia deixar de falar da India Style, que é mais carinha mas é o tipo de loja onde eu entraria e diria “DAME TODO” se pudesse. Outra bem bacaninha, entre a TodoModa e a India Style, é aIsadora. Tem também a Etnia – desenhos exclusivos, preços aceitáveis, adoro – e a Maria Rivolta, cujo forte são as peças esmaltadas. Ambas marcam presença em vários Shoppings como o Alto Palermo ou o Paseo Alcorta. A La Mercería também é um desbunde, mas enfiam a faca no preço. Quase esqueci da Folk, que são quiosques em shoppings (não tem site, mas veja algumas fotos aqui) e nas lojas Falabella cheeeios de brincos, colares e lenços lindos. Se joga!
Bolsas – Engraçado, eu gosto das bolsas argentinas – boa qualidade, diferentes, menos douradonas que as brasileiras – mas não gosto dos sapatos em geral (ver abaixo na parte de “não vale a pena”). Um clássico é aPrüne, que está em quase todos os shoppings e ruas comerciais e costuma ter bolsas para todos os gostos – não tanto para todos os bolsos. As marcas que eu acho que tem as coisas mais lindas são a Carla Danelli e a Lázaro, mas com meus pesinhos argentinos eu só comprava em liquidação e outlet e olhe lá. Outra marca bem lindona, também em Palermo, é a Julieta Sedler. Pra quem vai com mais dindin no bolso, a Jackie Smith tem peças clássicas com um quê de moderno (ui!) e ótima qualidade.
Antiguidades – Quem nunca ouviu falar da feirinha de San Telmo aos domingos ou do Mercado de las Pulgas? Minha teoria é a de que, como lá entre o fim do século XVIII e do XIX a Argentina estava bem de vida, o povo tinha muitas preciosuras de qualidade em casa. Aí foi tudo pras cucuias e o povo tá vendendo as coisas até hoje. Então tem coisas lindíssimas tanto na feirinha em si quanto nas lojas do bairro – principalmente nos antiquários e no Mercado de San Telmo. Outro lugar para garimpar umas velharias é em Martinez, que é mais afastado mas pode fazer parte de um gostoso roteiro pela zona norte (não tem site, fica na estação Martinez do Tren de La Costa).
Cosméticos de farmácia – Só uma palavra me vem à cabeça: Farmacity. É uma rede de farmácias enorme e algumas das filiais parecem até supermercados de tantas coisas que vendem – desde fones de ouvido (??) a meias, desde produtos de limpeza a bolachas. Tem maquiagens de marcas tipo Revlon, L´Oreal, Rimmel, cremes, shampoos e etc, e tudo ainda está mais barato que no Brasil. Uma comediante uma vez disse que o maior prazer da mulher portenha é saber que vai abrir uma Farmacity na rua dela. As mina pira!
E o que não vale:
Lingerie – não sei se é porque eu sou mais “voluptuosa”, digamos assim, que a média das argentinas, mas nunca consegui comprar uma lingerie realmente boa para mim na Argentina. Não seguram, pinicam, ficam velhas logo, são feiosas. Mas mesmo as amigas magrelas reclamavam da qualidade. A Caro Cuore, famosíssima e cara, deixa bem a desejar neste quesito. Pijama, então, esquece. O último que comprei rasgou na primeira vez que usei. Vai ver é implicância minha, então se quiser, vai lá: além da Caro Cuore, tem a Selú, a Meu Bem… mas repito, eu não aconselho. Na Santa Fé tem várias lojas de lingerie, que em geral são velhas, atendidas por mulheres grossas ou até homens (pasmem). Uma vez estava procurando uma coisinha pra apimentar a relação, veio um senhorzinho de uns 80 anos me atender, desisti.
Sapatos – polêmica. Não gosto muito nem do design, nem da qualidade. Machucam, têm uma modelagem meio antiquada, se desgastam logo, não sei. Ou então são diferentosos demais pro meu gosto – e olha que gosto de coisas diferentosas. O último grito da moda lá são os creepers, aquele cruzamento de bota ortopédica com o filho do demo. Os sapatos que se salvam, de marcas como Sibyl Vane, Paruolo, MaggioRossetto e a própria Prüne, são caros demais – a maioria bem acima de 1000 pesos ou uns 350 reais. A marca mais famosa é a Ricky Sarkany, que leva o nome do seu criador e designer, mas me recuso a pagar 2000 pesos em cópias de sapatos de marcas de luxo – uma vez vi uma galocha IDÊNTICA às Hunter, tipo cópia mesmo, custando os olhos da cara e me irritei pra sempre com a marca. Pra quem gosta de sapatos escalafobéticos e não tem limitações no orçamento, a Mishkaé uma boa pedida. Pra quem procura algo mais baratex, vai em alguma filial da Clona. Mas volto a dizer, não serão os melhores sapatos que você comprou na sua vida.
Roupas – de novo, preço e qualidade. Há exceções louváveis, mas em geral a roupa na Argentina está cara e a qualidade não corresponde ao preço. A maioria das coisas é de malha, e uma malha não tão boa. Tem coisas bem bonitinhas e estilosas, mas por exemplo: as camisetas costumam ser super compridas para o gosto das brasileiras. As cores costumam ser mais apagadinhas, não sei bem como explicar. Uma amiga que foi pra lá há pouco tempo disse que parece que todo mundo se veste em brechó, o que pode ser bom ou ruim dependendo do seu gosto e do seu estilo. Desaconselho para as patricinhas, mas as que não são podem achar coisas bem legais – só não espere grandiosidades e uma qualidade incrível. Algumas marcas mais caras são a Rapsodia, Vitamina e Etiqueta Negra (que também existem no Brasil) Akiabara, Jazmin Chebar, De La Ostia, Giesso, Maria Cher, Paula Cahen D´Anvers, Uma . Algumas mais acessíveis são Zucca, Cuesta Blanca, Ver, Yagmour, Kill, Lúcuma. As mais descoladex vão curtir a Complot, a Kosiuko e a Las Pepas (a mais barata é a primeira).
***